terça-feira, 9 de abril de 2013

Di Cavalcanti 
O retrato do artista 

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, popularmente conhecido como Di Cavalcanti, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 6 de setembro de 1897, filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo e Rosalia de Sena. Era sobrinho de José do Patrocínio. Consagrando-se como artista, ilustrador e pintor. Foi um dos primeiros artistas a retratar os componentes da realidade brasileira, como favelas, festas populares e os proletários. Com a morte de seu pai em 1914, Cavalcanti aos 17 anos, obriga-se a trabalhar e realiza ilustrações para a revista Fon Fon. Em 1917, iniciou o curso de Direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Em 1921 casou-se com sua prima Maria. 


O Pequeno Di Cavalcanti 
Di Cavalcanti e os pais


Capa da revisita Fon Fon

Frequentando o atelier do impressionista George Fischer Elpons torna-se amigo de Mário e Oswald de Andrade, com quem idealiza e organiza em 11 e 18 de fevereiro de 1922 a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, criando para essa ocasião as peças promocionais do evento: catálogo e programa. Posteriormente em 1923 realiza sua primeira viagem a Europa, permanecendo na poética Paris até 1925. Na qual frequenta a liberalista Academia Ranson. Concretiza exposições em Berlim, Bruxelas, Amsterdã, Londres e Paris. Neste período conhece Picasso, Léger, Matisse, Erik Satie, Jean Cocteau e outros renomados intelectuais franceses.
Retornando ao Brasil em 1926, Cavalcanti faz seu ingresso no partido comunista e prossegue realizando ilustrações. Faz então nova viagem a Paris e cria os painéis de decoração do Teatro João Caetano no Rio de Janeiro.
Os anos 30 apresentam um Di Cavalcanti mergulhado em imprecisões quanto a sua liberdade como homem, artista e conceitos politicos. Principia suas participações em salões nacionais, e exposições coletivas internacionais como a International Art Center em Nova Iorque. Com Antonio Gomide, Carlos Prado e Flávio de Carvalho, em 1932 cria em São Paulo, o Clube dos Artistas Modernos. Sofrendo em 1932 a sua primeira prisão no decorrer da Revolução Paulista. Casa-se com a pintora Noêmia Mourão. Realiza a publicação do álbum A Realidade Brasileira, uma série contendo doze desenhos que satirizam o militarismo da época. Novamente em Paris, em 1938, idealiza trabalhos na rádio Diffusion Française nas emissões Paris Mondial. Faz exposições em terras Pernambucanas e Lisboa onde exibe no salão “O Século”, ao retornar ao Brasil é preso novamente. Em 1936 é preso, econdendo-se na Ilha de Paquetá junto a Noêmia. Vindo a ser libertado por seu grupo de amigos, segue em direção a Paris, e lá permanece até 1940. 
Com o prenúncio de uma Segunda Geurra deixa Paris. Retornando ao Brasil e estabelecendo-se em São Paulo. No decorrer de seu retorno, um conjunto de mais de quarenta obras, que haviam sido despachadas da Europa não chegam ao destino. Cavalcanti inicia uma luta aberta ao abstracionismo por meio de conferências e artigos.  Visita terras Uruguais e Argentinas, expondo em Buenos Aires. Conhece Zuíla, que se torna uma de suas modelos prediletas. 
Em 1946 retorna à Paris em a procura dos quadros desaparecidos, nesse mesmo ano realiza uma exposição no Rio de Janeiro, na Associação Brasileira de Imprensa. Em novo projeto faz ilustrações de livros de Vinícius de Morais, Jorge Amado e Álvares de Azevedo. Entra em uma seria crise com Noêmia Mourão em 1947, “uma personalidade que se basta, uma artista, e de temperamento muito complicado...".  Junto a Lasar Segall e Anita Malfatti, participa do júri de premiação de pintura do Grupo dos 19. Continua a sua critica ao abstracionismo. Em 1949 faz exposição na Cidade do México. Em 1951 recebe o convite para participar da I Bienal de São Paulo. Concretiza uma doação ao Museu de Arte Moderna de São Paulo, esta composta com mais de quinhentos desenhos. Inicia sua relação com Beryl Tucker Gilman. Nega sua participação da Bienal de Veneza. É presenteado com a Láurea de melhor pintor nacional na II Bienal de São Paulo, prêmio que foi dividido com Alfredo Volpi. O MAN, em 1954 realiza exposição de retrospectivas de suas obras. Realiza novas exposições agora em Bacia do Prata, e retorna à Montevidéu e Buenos Aires. Faz a publicação da obra Viagem da minha vida. Em 1956 aceita o convite e participa da Bienal de Veneza, recebendo o I  Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. Suas obras tornam-se parte da exposição itinerante por território europeu. Oscar Niemayer o convida para a criação de imagens para tapeçaria a ser instalada no Palácio da Alvorada, realizando também  pinta as estações para a Via-sacra da catedral de Brasília. 
A década de 60 presenteia Cavalcanti com uma Sala Especial na Bienal Interamericana do México, recebendo Medalha de Ouro. Torna-se artista exclusivo da Petite Galerie no Rio de Janeiro. Viaja a Moscou e novamente a sua amada Paris. Ainda em Parais participa da Exposição de Maio, a tela Tempestade.  Participa com Sala Especial na VII Bienal de São Paulo. Aufere indicação do então João Goulart para ser adido cultural na França, embarca mais uma vez a Paris  e não assume devido o golpe de 1964. Vive em Paris com Ivette Bahia Rocha, apelidada de Divina. Realiza lançamento de um novo livro, intitulado, Reminiscências líricas de um perfeito carioca e confecciona desenho de jóias para Lucien Joaillier. Suas obras desaparecidas, na década de 40, são localizadas em 1966 nos porões da Embaixada brasileira. Candidata-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas não se elege. Neste período seu cinquentenário artístico é comemorado. 
Já na década de 70, Marina Montini, é a musa. O Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1971, organiza retrospectiva de sua obra e recebe prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Festeja seus 75 anos, em seu apartamento no Rio de Janeiro. A Universidade Federal da Bahia outorga-lhe o título de Doutor Honoris Causa. Faz exposição de obras recentes na Bolsa de Arte e sua pintura Cinco Moças de Guaratinguetá é reproduzido em selo. No Rio de Janeiro em 26 de Outubro de 1976, Di Cavalcanti falece, nos deixando suas riquíssimas obras na história das Artes Brasileiras.     





Observação das obras de Di Cavalcanti
Di Cavalcanti já dizia "Criar é acima de tudo dar substância ideal ao que existe". Suas palavras se afirmam em suas obras, que retratam de maneira poética e idealista a realidade do Brasil e do seu povo. Os retratos vibrantes que Di Cavalcanti criou com entusiasmo e vitalidade, recebem aqui uma breve análise.

Técnica

Di Cavalcanti utilizava-se da beleza natural do Brasil  e suas diferenciações culturais em suas criações artísticas. Possuía uma ousadia estética e perícia técnica. Suas obras possuem um rico trabalho com cores vivas, luminosidade e definição marcante de volume.

Materiais 
A grande maioria das obras idealizadas por Di Cavalcanti  foram produzidas com tela, tinta óleo, carvão, grafite, caneta, nanquim  e papel.

Tema 
O cotidiano, a vida boêmia e a exploração dos prazeres da carne influenciaram fortemente Di Cavalcanti. Em suas obras, é comum observarmos símbolos do Brasil personificados no Carnaval, nas mulatas,nos músicos, em moças com bastantes curvas, ou ainda nas referências indígenas. Realizado assim o retrato de uma  interpretação de um Brasil e a exaltação de seus personagens mais comuns. 

Critica
Di Cavalcanti criou com liberdade, lirismo e cor a imagem de uma nação que tem por espirito o otimismo e a alegria. Suas obras são a observação do simples. Olhar para uma obra concebida por Di, é como olhar pela janela. É deslumbrar o cotidiano de uma perspectiva poética, o compreendendo como o deve ser,  por mais carregado de dor e pertubações que o seja, ainda assim é colorido. É vibrante. 


Samba
Óleo sobre tela - 177 x 154 cm. 
- 1925 -

Mulheres de Pescadores
     Óleo sobre tela - 54x65 com. Déc. 30                             
                                              
                                        Colonos
     Óleo sobe tela - 60 x 90 cm. - circa 1945 -
                      
                                   Mulata Com Pássaro 
 Óleo sobe tela - déc. 50  60 x 50 cm.


Músicos
Óleo sobe tela - 54 x 73 cm. - 1963 

"Moço continuarei até a morte porque, 
além dos bens que obtenho com minha imaginação, 
nada mais ambiciono."
Di Cavalcanti





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